Todas as vezes em que faço uma compra no cartão - praticamente todas as compras- o caixa automaticamente me pergunta: “Você quer a sua via?”.

Em todas as vezes eu automaticamente respondo: “Não, obrigado”.

Todas essas vezes que respondo que não eu também me pergunto porque ainda não existe uma configuração no meu aplicativo de banco que me permita marcar que eu nunca vou querer a minha via. É simples, é só uma caixinha que eu vou marcar.

Ok, como programador eu sei que quando alguém fala “Faça isso, é simples” a coisa simplesmente se desdobra em umas mil linhas de código a mais. Péssimas memórias…

Mas voltando ao assunto. Além de eu responder sobre a via, existe uma certa farmácia, que tem como nome as palavras Drogaria e Brasil fundidas, aqui na esquina - assim como em todas as esquinas da cidade - em que o caixa me faz uma pergunta adicional: “Você quer a sua nota fiscal impressa, ou por e-mail ou não precisa?”.

Eu, às nove horas da manhã de um sábado segurando uma cartela de dipirona, um epocler, um estomazil e um outro remédio que a atendente me falou que era bom pra ressaca, sinto minha veia temporal direita latejar um pouco mais forte quando tento processar essa segunda camada de decisão que tenho que tomar.

Ora, geralmente eu jogo a nota fiscal no lixo no dia seguinte, mas como eu vou consumir tudo que estou levando assim que chegar em casa, não tenho a necessidade de levar nota nenhuma. Por precaução peço que envie pro e-mail.

“O seu e-mail é esse mesmo que aparece na tela?”, ele acrescenta.

Agora a temporal esquerda também pulsa e eu não encontro qual tela que preciso olhar. São as telas das câmeras? A tela que tá virada pra ele? Não, a tela está exatamente na minha frente. E sim era o meu e-mail, acho difícil alguém trocar de e-mail como troca de usuário no twitter.

Nota fiscal enviada, remédios na sacola, “bom dia - bom dia”.

Volto pra casa pensando em como essa farmácia tem toda uma estrutura para coletar dados de todos os remédios que eu já usei na minha vida, mas não pode simplesmente guardar a mísera informação que eu não vou querer as vias e notas fiscais.